sábado, 11 de fevereiro de 2012

Educar para Crescer

Boletim da Educação
Educar para Crescer

Educação de qualidade para todos: ainda estamos longe

por: Manoela Meyer


Ontem estivemos na apresentação do relatório de monitoramento das cinco metas do movimento Todos Pela Educação. Infelizmente, as notícias não são muito boas. Em resumo, elas apontam o enorme desafio que o Brasil tem para tornar a Educação Básica do país acessível para todos, com um alto nível de qualidade.
Há quatro anos, o Todos Pela Educação monitora a situação educacional com base em cinco metas:
  1. Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola
  2. Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos
  3. Todo aluno com aprendizado adequado à sua série
  4. Todos jovem com Ensino Médio concluído até os 19 anos
  5. Investimento em Educação ampliado e bem gerido
Até agora, nenhuma das metas foi cumprida. Os resultados – publicados em “De Olho nas Metas 2011” – continuam indicando uma enorme desigualdade entre as regiões do país, e entre escolas privadas e públicas. Você acredita que ainda há 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola? Esse número é maior do que toda a população do Uruguai, por exemplo. Para resolver, não basta aumentar o número de vagas… é necessário discutir também assuntos como os motivos do atraso e da evasão escolar.
Para avaliar as crianças de 4º ano do Ensino Fundamental em matemática, leitura e escrita, foi aplicada a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) em todas as capitais brasileiras. O que se identificou? Que apenas 56,1% dos alunos atingiram o conhecimento esperado em leitura, 53,3% em escrita e 42,8% em matemática. Quando se comparam os resultados de cada região do país, o assunto é ainda mais alarmante. O Sudeste, por exemplo, teve o melhor desempenho em escrita, com 65,5% dos alunos com aprendizado adequado para a série. Já no Nordeste, apenas 30,3% dos alunos redigiram textos conforme o esperado. Uma diferença de 35 pontos percentuais separam as duas regiões.
Ainda mais dramática é a comparação entre escolas particulares e públicas. 93,6% dos alunos de escolas particulares do sudeste atingiram o nível esperado de escrita, contra 21,7% das escolas públicas do nordeste. A explicação dada pelo Todos para esses números discrepantes é a de que os alunos da rede privada têm melhores condições sociais e econômicas, além de terem cursado a Pré-Escola. Muitos estudos apontam a importância da Educação Infantil na aprendizagem nas séries futuras. Apesar disso, em 2009 apenas 50% das crianças brasileiras de 4 a 5 anos estavam matriculadas na Pré-Escola.
Para Nilma Fontanive e Ruben Klein, consultores da Fundação Cesgranrio, os resultados de leitura apresentaram progressos, ao contrário dos de matemática. “Os educadores parecem estar esquecendo da importância da alfabetização numérica”, disse Nilma. Para Ruben, o mais importante é que os alunos tenham prazer em aprender.


O desafio da Defasagem Escolar
Sabe o que mais os resultados apontaram? Que alunos com defasagem idade-série – ou seja, os que repetiram algum ano ou estão adiantados, que hoje chegam a quase 25% de todos os estudantes – atingiram resultados bem piores nas três áreas do conhecimento avaliadas, quando comparados aos alunos na idade correta. Ou seja, isso indica o quanto é importante que seu filho esteja na série certa.
Segundo o professor Tufi Machado Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora, o maior entrave ao avanço educacional da população é o atraso escolar. “Quanto mais defasado o aluno, menor sua chance de concluir os estudos. Diferente do que vem acontecendo hoje, os alunos devem ser acompanhados constantemente desde a Pré-Escola”, conclui.
“Os dados e as análises apontam que as mudanças estruturais precisam acontecer com urgência para que as metas possam ser atingidas até 2022”, disse Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento.
A melhoria da Educação passa, necessariamente, pelo investimento adequado e pela boa gestão dos recursos nos três níveis de governo: União, estados e municípios. No entanto, o relatório aponta que o investimento brasileiro por aluno do Ensino Fundamental ao Superior ocupa as últimas posições quando comparado ao de outros 35 países. O Brasil só tem investimento maior que o da China.

Manoela Meyer
Por Manoela Meyer

dia 8 de fevereiro de 2012

Estagiária do Educar para Crescer, Manoela é formada em Ecologia e estuda Jornalismo. Acredita que só com acesso à Educação e informação de qualidade é que se pode pensar em saúde, justiça social e preservação ambiental.
 
Site : http://educarparacrescer.abril.com.br/